02 fevereiro 2007

Zé Mário

Nome: José Mário de Almeida Barros
Data de nascimento: 01/02/1949
Clubes que defendeu: Bonsucesso(RJ), Flamengo, Fluminense, Vasco e Portuguesa


Futebol de Ontem - Sua carreira profissional teve início no Bonsucesso. Logo, você se transferiu para o Flamengo. Você se surpreendeu com o interesse do clube Rubro-Negro?
Zé Mário - De início, sim. Mas eu tinha feito um bom campeonato pelo Bonsucesso no ano anterior e tinha ganho passe livre na justiça, por falta de pagamento. Era a chance de o Flamengo pegar um jogador sem ter muita despesa.


Futebol de Ontem - Um dos cinco gols que você marcou pelo Flamengo foi justamente contra o Bonsucesso. Você se lembra da sua reação após o gol?
Zé Mário - Eu estava com 38 graus de febre e pedi para sair no intervalo do jogo. Mas o Joubert, que era o técnico, pediu para que eu continuasse. Após o gol, comemorei bastante, porque foi o gol que nos deu a condição de disputar a final e de ser campeões. Comemorei o gol independentemente do adversário.


Futebol de Ontem - Durante a carreira de jogador, você atuou por três times considerados grandes do Rio de Janeiro: Flamengo, Fluminense e Vasco. Nos três, você foi campeão carioca. Com qual destes clubes você mais se identificou?
Zé Mário - O Flamengo foi meu primeiro time grande e me deu a oportunidade de ganhar títulos, que era uma coisa com que eu estava acostumado no juvenil do Fluminense e no futebol de salão. O Flamengo também me deu a oportunidade de conhecer o Zico, meu grande amigo, afilhado, irmão e tudo mais. Em 1974, tínhamos uma equipe formada por jogadores novos e alguns experientes. Éramos uma família. Também convivi com outros jogadores maravilhosos, como Paulo César Caju, Júnior e Paulinho, que já era meu amigo no Bonsucesso. No Fluminense, meu time de coração, tive o prazer de participar do fabuloso time da ‘Máquina’, a original. Dizem que a ‘Máquina 2’ era melhor , mas nenhuma cópia é melhor do que a original. Joguei também com jogadores de alta qualidade. No Vasco, também fizemos uma equipe muito boa em 1977. Tínhamos uma equipe bem unida. Éramos como irmãos, decididos a marcar a história do Vasco. Também tínhamos jogadores maravilhosos. Dediquei-me ao clube durante quatro anos. O presidente Agartino me deu muita força. Ele confiava em mim e eu, nele. Portanto, com todos os clubes eu me identifiquei bastante. Tenho certeza de que todos os torcedores ficaram satisfeitos comigo. E eu, com eles. Realmente tive um prazer muito grande em participar dessas equipes.


Futebol de Ontem - Embora você não tenha jogado pelo Botafogo, foi lá que começou sua carreira de técnico. Como surgiu esse convite?
Zé Mário - Eu estava parando de jogar e fui convidado para ser o treinador da Portuguesa carioca, pelo sogro do Guina e pelo ex-médico do Vasco, que era vice-presidente da Portuguesa. Aceitei e comecei a carreira ali. Passados uns dois meses, pedi para sair, pois os problemas financeiros eram muito grandes e não dava mais para continuar. Nesse mesmo dia, fui procurado pelo Heron Beresfor e pelo goleiro do Vasco, Jair Eraldo, que era amigo do Heron. Eles me perguntaram se eu gostaria de ser o treinador do Botafogo. Eu tinha lido no noticiário que o Félix deveria ser o treinador do Botafogo e perguntei ao Heron sobre isso. A resposta foi a seguinte: se eu não aceitasse, eles procurariam outro nome. Mas garantiram que o Félix não seria o treinador. Aí sim aceitei conversar com a diretoria do Botafogo. E acertamos. Sempre digo para todos que o que me ajudou a ser técnico de uma equipe grande, imediatamente após o encerramento da carreira, foi a imagem que deixei de um jogador sério, responsável e cumpridor das minhas obrigações. O Botafogo foi a minha grande chance e a minha grande escola como treinador. Aprendi em um ano e alguns meses o que eu precisaria de uns dez anos na profissão. Conheci rapidamente e muito bem o outro lado do futebol. Agradeço muito ao Luiz Fernando Maia, ao Heron e ao Juca Mello Machado pela oportunidade.


Futebol de Ontem - A última equipe em que você jogou foi a Portuguesa. Antes, você só havia atuado no futebol carioca. Como foi essa mudança do Rio de Janeiro para São Paulo?
Zé Mário - Foi difícil. No meu primeiro dia na Portuguesa, que era o meu time de coração em São Paulo, um repórter da rádio me fez a seguinte pergunta: “Você é mais um carioca que veio apenas tirar dinheiro da Portuguesa?”. Aí respondi: “Pelo visto, sou melhor profissional e mais bem educado do que você. Deixe passar alguns dias e você verá quem sou eu”. Passados alguns meses, esse mesmo repórter já me adorava. Tive uma boa passagem pela Portuguesa. Todos me respeitaram muito. Adoro a Portuguesa.


Futebol de Ontem - Você foi técnico de uma categoria de base da seleção iraquiana, em 1986. Houve algum contato entre o Saddam Hussein e você?
Zé Mário - Com o Saddam, não. Mas trabalhei direto com o filho dele, o Udei. Não foi fácil. Chamei-o de maluco, porque eu não tinha idéia do que ele poderia ter feito comigo. O maluco fui eu. Ele queria descontar dois dias do meu salário, porque fevereiro tinha só 28 dias. Mas ele acabou pagando os 30. Não entendi a conta dele.


Futebol de Ontem - Em 1995, você se tornou técnico da seleção da Arábia Saudita, que havia chegado às oitavas-de-final da Copa do Mundo no ano anterior. Devido a esse desempenho inédito da equipe, você foi muito cobrado pela federação do país?
Zé Mário - Trabalhar na seleção da Arábia Saudita é uma loucura. É muito príncipe querendo dar opinião. Prefiro trabalhar nos clubes de lá, pois tem menos interferência. Sou muito respeitado na Arábia Saudita e gosto muito do país.


Futebol de Ontem - Foi no Figueirense, em 2005, que você trabalhou pela última vez como técnico. Você pretende voltar a treinar algum time neste ano?
Zé Mário - Não consigo trabalhar sem saber se vou receber ou não o meu salário no fim do mês. Trabalhar para dizer que estou trabalhando e mendigar meu próprio salário no final do mês é muito para mim. Sem falar na falta de respeito da torcida, da imprensa e da diretoria. Ninguém respeita o treinador no Brasil. Recentemente, o Zico falou sobre isso quando lhe perguntaram se ele tinha vontade de ser treinador no Brasil. Trabalhei 26 dias no Figueirense. A equipe estava em último lugar e os jogadores diziam que treino era treino e, por isso, não precisavam correr. Aí vi porque estavam em último. Para voltar a trabalhar no Brasil vou ter que esperar um bom tempo, até que arrumem a casa. Os estranhos ao futebol estão tomando conta dos clubes, porque é muito dinheiro que rola sem ter prestação de contas. Nem o governo recebe prestação de contas. Noventa por cento dos clubes brasileiros estão falidos e só não fecham as portas porque estão no Brasil. Aqui, o profissional do futebol, de uma maneira geral, é o que menos ganha dinheiro hoje. Antigamente, os dirigentes faliam ao colocar o dinheiro da família e das suas empresas dentro dos clubes. Hoje, os dirigentes estão fazendo fortuna e os cubes estão falidos.



Zé Mário na 'Máquina Tricolor', em companhia de Paulo César Caju e Rivellino.


Conquistando mais um título. Desta vez, com a camisa do Vasco.



Obs.: As fotos foram retiradas do site oficial de Zé Mário.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não me lembrava de Zé Mário na Máquina. Zé Mário sempre me fez pensar no meu finado pai, torcedor fanático do Vasco.

14:20  

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