10 janeiro 2007

Odair

Nome: Odair Patriarca
Data de nascimento: 18/04/1963
Clubes que defendeu: São Bento, Flamengo(PI), Ponte Preta, Figueirense, Rio Branco(SP), Novorizontino, Palmeiras, Sport, Marília, Juventude, Bragantino, Vila Nova(GO) e Montes Claros(MG)


Futebol de Ontem - Quando e como surgiu o apelido 'He-Man'?
Odair - Surgiu devido ao meu corte de cabelo, que era muito parecido com o do personagem do desenho da TV. Depois de um jogo do Campeonato Paulista, em Rio Preto, eu estava no vestiário e um repórter de rádio foi falar comigo. Disse que, no vestiário da equipe adversária, tinha um jogador que queria falar com o He-Man, ao vivo. O jogador era o Candinho, irmão do Paraná. Os torcedores da Ponte, que era o time onde eu jogava, estavam escutando o rádio e começaram a me chamar de 'He-Man'.


Futebol de Ontem - Atualmente, existe algum lateral-direito que tenha um estilo parecido com o seu?
Odair - Hoje o lateral nem existe mais, devido às mudanças táticas. O lateral passou a ser ala. Eu já fazia essa função, mas com uma diferença: eu marcava e apoiava. Devido ao meu limiar, 19, eu tinha esta facilidade. Atualmente, o ala que tem estas características é o Rafinha, que joga no Schalke 04, da Alemanha. O Dunga deve estar de olho, devido à carência. Se não aparecer ninguém, o Elano é quem deve assumir a posição.


Futebol de Ontem - Sua carreira profissional começou no São Bento, de Sorocaba. Você gosta de acompanhar os jogos da equipe? E em relação ao novo técnico, o Rincón: ele foi uma boa contratação?
Odair - Comecei no São Bento em 1975. Permaneci por lá até 1985. Acompanho o time, sou torcedor e tenho um carinho especial. Quanto ao Rincón, o tempo é o melhor remédio, pois não se pode cobrar alguém que está iniciando a carreira. Temos que conhecê-lo primeiro. Na verdade, seria uma falta de ética da minha parte analisá-lo, pois hoje também faço o mesmo trabalho. Mas torço para que ele tenha muito sucesso.


Futebol de Ontem - Em 1990, você ajudou o Novorizontino chegar à final do Campeonato Paulista. Antes do início da competição, você acreditava que o time poderia ir tão longe?
Odair - Chegar à final com um time grande e que tem uma história pode até ser mais fácil. Mas o futebol tem essa bela característica: nem sempre o melhor vence. Quando fui contratado pelo Novorizontino em 1990, por empréstimo, ouvi a seguinte pergunta do técnico Nelsinho Baptista, que também estava chegando comigo: "O que viemos fazer aqui nesta cidade (Novo Horizonte)?". Repeti a pergunta para ele antes de disputarmos a final, que foi a primeira que reuniu dois times do interior. Foi maravilhoso. Não imaginávamos no início que chegaríamos a uma final.


Futebol de Ontem - No Palmeiras, você foi treinado por Telê Santana, que havia pedido sua contratação. Como era sua relação com ele?
Odair – Telê Santana foi o técnico com quem trabalhei por menos tempo. Mas aprendi muito mais com ele do que com outros. Era um homem de caráter, digno de ser chamado de 'Mestre Telê'. Tivemos uma relação tão boa que ele me deu um apito de presente e disse: "Crie teu perfil e seja melhor que eu". Quando cheguei ao Palmeiras, o Telê falou para mim e para toda a imprensa: "O Odair é um jogador pronto". Ele tirou da lateral o Édson, que era capitão do time, para que eu pudesse jogar. E eu fiquei jogando. Para mim, foi muito importante esta confiança. O Telê me ensinou, em pouco tempo, muita coisa que marcou.


Futebol de Ontem - Pouco antes da Copa América de 1991, você chegou a disputar um amistoso pela seleção brasileira. Porém, não foi convocado para disputar a competição. Isso foi uma decepção ou você imaginava que ficaria de fora da lista?
Odair - Todo sonho de um atleta profissional é chegar no auge, que é a Seleção Brasileira. Eu cheguei e jamais fiquei decepcionado com nada. Meu nome ficou marcado na CBF. Quando eu era garoto, ninguém falava que eu seria um profissional. Jogar duas vezes pela seleção e ver meu nome na lista dos melhores do momento foi gratificante. Sou grato a Deus por tudo. Também sou grato ao Dr. Eduardo A. Vieira, com quem fiz um tratamento que me ajudou a me tornar um atleta profissional. Atingi uma estatura melhor, crescendo 13cm aos 18 anos de idade. Quando me vi em Chicago, com a seleção brasileira, só pude mandar um postal para ele, dizendo: "Obrigado, Doutor. Cheguei até aqui". E é isto o que importa: eu cheguei. Decepção, nunca.


Futebol de Ontem - Você já fez estágios de técnico no Bayern de Munique, no Bayer Leverkusen e na Roma. O que mais te chamou a atenção em cada um destes clubes europeus?
Odair - Todos marcaram pela organização e pelo profissionalismo fora de campo. Tudo é planejado e nada fica no meio termo. O Brasil é pentacampeão dentro de campo, mas ainda temos que aprender muita coisa fora do mesmo com eles.


Futebol de Ontem - Qual foi o último clube onde você trabalhou?
Odair - Meu último clube foi o Atlético Sorocaba, onde trabalhei como auxiliar técnico. Estudo propostas para 2007.


Futebol de Ontem - Conte para nós uma história curiosa que você viveu como jogador.
Odair - Aconteceu em Novo Horizonte. Estávamos na pré-temporada, em 1990, para iniciar aquela campanha maravilhosa, que terminaria na final caipira, contra o Bragantino. O técnico Nelsinho Baptista marcou treino para às seis da manhã. Dentro do planejamento do preparador Flávio Trevisan, haveria a famosa caminhada. Naquela época do ano, chovia quase todos os dias em que saíamos para treinar. Tínhamos que correr 12 km, por dentro de um canavial. E chuva que Deus mandava! Não dava nem para ver o chão de tanta enxurrada. O Luís Carlos Goiano, o Édson Pezinho e eu, que estávamos na frente, deparamos com uma vaca. Ela começou a correr, pensando que estávamos correndo atrás dela. Assustada, inverteu a situação e passou a correr atrás de nós. Então, o Goiano e o Pezinho pularam uma cerca de arame farpado. Nessa de pular na corrida, o Goiano ficou enroscado no arame e rasgou toda a perna. A vaca veio para cima de mim e, se não fosse um buraco, tinha me mandado para bem longe, pois caiu nele na hora de me chifrar. Até hoje damos muita gargalhada quando contamos isso. Imagine quando chegamos e contamos para o Trevisan e o Nelsinho: mais risos.


Odair é o segundo jogador que está em pé, da esquerda para a direita. Junto com ele, estão grandes nomes, como: César Sampaio, Evair e Edu Marangon.


Rudi Völler (campeão da Copa do Mundo de 1990 pela Alemanha Ocidental, como jogador), Odair e Franz Beckenbauer (campeão da Copa do Mundo duas vezes pela Alemanha Ocidental: em 1974, como jogador, e em 1990, como técnico).



Obs.: As fotos foram retiradas do blog de Odair.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este Odair é muito gente fina,além de um excelente carater,uma humildade em pessoa,parabéns pela entrevista com ele,sou fã dele.

22:43  
Anonymous Anónimo said...

É bom ter mais um lugar pra relembrar bons (e nem tanto) momentos do futebol. Só não precisa ficar só nas entrevistas, oras. Abraço e sucesso!

20:01  
Anonymous Anónimo said...

O último em pé na foto é o saudoso Wagner?

12:58  
Blogger André Lacerda said...

Riccardo, aquele é o zagueiro Luís Eduardo, que também jogou pelo Grêmio e pelo Atlético Mineiro.
A foto é do jogo Santos 0 x 1 Palmeiras, que aconteceu em 1991.

19:46  

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